O ator Cecil Thiré morreu nesta sexta-feira, aos 77 anos, enquanto dormia em sua casa, no Humaitá, no Rio de Janeiro. Filho da atriz Tônia Carrero, ele enfrentava o Mal de Parkinson há alguns anos. Além de dirigir obras no cinema e no teatro, Cecil ficou marcado por seus papéis na televisão, como Mário Liberato, em “Roda de Fogo” (1987), e Adalberto, em “A próxima vítima” (1995).

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Nascido em 28 de maio de 1943, no Rio, Cecil Aldary Portocarrero Thiré foi o filho único do casamento entre Tônia Carrero e o artista plástico Carlos Arthur Thiré. Desde cedo, o ator assumiu a tradição artística da família, tendo inclusive feito uma pequena participação no filme “Tico-tico no fubá”, estrelado pela mãe, quando tinha 9 anos. Seu primeiro trabalho profissional foi aos 18, como assistente de direção de Ruy Guerra no filme “Os Fuzis”.
O ator estava ausente da vida artística desde 2012, após participar da novela “Máscaras”, de Lauro César Muniz, na Record, onde estava desde 2006. Foi com um personagem escrito pelo autor que Cecil teve um de seus maiores momentos na televisão, quando interpretou o vilão homossexual Mário Liberato, em “Roda de fogo” (1986).

Ao todo, foram mais de 20 papéis em tramas como “Top model” (1988), “A próxima vítima” (1995) e “Celebridade” (2004). Cecil também dirigiu a novela “Sassaricando” (1987), em que sua mãe atuou, e o programa “Viva o Gordo”, apresentado por Jô Soares entre 1981 e 1987.Além da televisão e do cinema, Cecil se dedicou longamente ao teatro. Sua primeira experiência como diretor foi em 1971, numa montagem de “Casa de bonecas”, de Henrik Ibsen. Em 1975, recebeu o extinto Prêmio Molière por sua montagem da peça “A noite dos campeões”, de Jason Miller.

A partir de 1984, passou a se dedicar ao ensino, voltando aos palcos dez anos depois. A prática resultou no livro “A carpintaria do ator”, publicado em 2013 pela Sinergia, no qual o artista discorre sobre técnicas de interpretação..Em um vídeo enviado pelo WhatsApp a pessoas próximas da família, a filha de Cecil, a atriz Luisa Thiré, lembrou com carinho do pai.

“Ele vai deixar muita saudade, porque papai foi um cara muito importante para a arte toda. Deixou muita coisa boa, muito aprendizado. Foi professor de muita gente, tanto de cinema quanto de teatro. Lembro de eu, pequena, entrando no Teatro Fênix, ele gravando o ‘Viva o Gordo’, e a claque inteira vindo falar comigo como papai era querido. Por onde andou, ele fez amigos de A a Z. Que ele descanse, porque ele merece. Esse final estava bem difícil”, contou a atriz.

Durante a cerimônia de cremação da mãe, em março de 2018, Cecil já havia chamado a atenção devido ao avanço de sua doença. À época, Leonardo Thierry, sobrinho de Tônia, contou que o ator havia perdido “a capacidade de andar”: “E em certas horas do dia fala muito mal. Cecil ficou muito abalado com a morte da mãe. As fotos que foram feitas no velório refletem a tristeza do momento. Os pacientes com Parkinson reagem muito mal ao estresse emocional”, disse Leonardo ao EXTRA.
Cecil deixa sete netos e quatro filhos, dos quais três são atores: Luisa, Carlos, Miguel.

O Globo