Cientistas americanos desenvolveram um exame de sangue que pode detectar o Alzheimer até vinte anos antes de a doença manifestar sintomas graves, como a perda de memória. Segundo os pesquisadores, a precisão dos resultados do teste na identificação de alterações cerebrais chega a 94%. A novidade — que ainda deve levar alguns anos para ser disponibilizada no mercado — pode significar avaliações mais rápidas e baratas para prever o risco de desenvolver a demência.

Atualmente, os únicos métodos de verificação da doença são o PET-Scan, um tipo de tomografia computadorizada extremamente cara (entre 3.500 e 4.000 reais), e a coleta de líquido cefalorraquidiano, que é um procedimento invasivo, uma vez que retira fluido da medula espinhal. Por causa disso, muitas pessoas deixam de fazer os testes de detecção precoce do Alzheimer. O novo exame, no entanto, poderia mudar essa realidade. 

De acordo com a equipe, o exame de sangue é capaz de indicar o acúmulo da proteína beta-amiloide no cérebro — um dos principais indicativos da doença —, além de ponderar outros dois fatores de riscos: a idade (quanto mais velha a pessoa é, maiores são os riscos de desenvolver Alzheimer) e a presença do gene apolipoproteína E (apoE4) — um fator genético que indica quão suscetível ao problema o indivíduo é.

Os resultados foram publicados na revista Neurology e apresentados na Conferência da Associação Internacional de Alzheimer, que aconteceu no mês passado.

O exame

Para identificar a presença da proteína beta-amiloide no cérebro, a equipe da Universidade de Washington, nos Estados Unidos, decidiu medir a proporção de dois fragmentos dessa proteína: a-beta 42 e a-beta 40. De acordo com os pesquisadores, esses fragmentos se formam quando a beta-amiloide é cortada por enzimas — um processo natural do organismo. Entretanto, no caso de quem desenvolve o Alzheimer, essas partes menores resultantes do corte começam a se unir, formando placas. Em um indivíduo sem a doença, esses fragmentos seriam eliminados através do sangue.

Assim, os cientistas concluíram que, ao examinar o sangue de um paciente, se quantidades abaixo do esperado de proteína amiloide — especialmente de a-beta 42 — fossem encontrados no sangue, isso poderia ser indicativo de um acúmulo delas no cérebro, o que consequentemente elevaria o risco de desenvolver Alzheimer. 

Fonte: Veja